quinta-feira, 31 de março de 2011

quarta-feira, 30 de março de 2011

"Ele pensa, é como tu disseste, a vida segue o seu caminho e, com o tempo, esqueces-me. E é assim, a maior parte do tempo. Na maior parte do tempo ele está entretido na sua vida e nem se lembra dela. Na maior parte do tempo, pensa, enquanto acende um cigarro, dá uma passa profunda, deita o fumo para o tecto da sala, na maior parte do tempo estou ocupado e divirto-me, nem sequer perdi a capacidade de me rir e de ser feliz, quase sempre.


Às vezes, ele lembra-se dela e prefere odiá-la, ou nem isso, apenas odiar o que ela lhe fez. Pensa, deixaste-me quando menos esperava e nunca vou conseguir compreender porque me fizeste isso, nem vou entender como foste capaz de o fazer com aquela ligeireza, com aquele desprendimento. Como pudeste dizer, apenas uns dias antes, que me amavas e morrias de medo que eu desistisse de ti, se não era verdade?


Bebe um pouco de vinho tinto sentado no sofá, o fumo do cigarro escapa-se por entre os dedos, vai-se acumulando por cima dele. Há na sua memória uma música que o faz lembrá-la e que ele já não consegue ouvir mas que não lhe sai da cabeça. Depois dela, ele já teve outras mulheres, mas não amou nenhuma. Foram todas expedientes para provar a si próprio que se está nas tintas, que a vida continuou, como ela lhe disse, que é capaz de voltar a apaixonar-se, embora não tenha sido isso que aconteceu. De qualquer modo, ele tem a sua vida e vive-a com despreocupação, com optimismo, como sempre. Não é, de modo algum, um homem amargurado, nem tão pouco se deixa consumir pelo desgosto que já lá vai.


Mas, um ano depois, encontra-a na rua. Falam-se com naturalidade, trocam poucas palavras, ela diz-lhe não estava à espera de te encontrar, ele graceja antes estivesses, ela ri-se. Naqueles breves instantes, registam todos os pormenores um do outro, o que mudou nela, o que tem ele de diferente, o que está igual, como reagem um ao outro. Depois ela parte. Ele fica em suspenso, como se não tivesse passado um ano e, nesse espaço de tempo, não lhe tivessem acontecido tantas coisas que poderia ter sido uma vida inteira.


Ele pensa, é como tu disseste, a vida segue o seu caminho e, com o tempo, esqueço-te. Mas então, porque é que não apaguei de mim o teu sorriso tímido, não esqueci os teus olhos, porque me lembro do teu perfume? Porque te perdoo, embora ache imperdoável o que me fizeste?


Dali a pouco, ele senta-se numa esplanada a beber um café. Já é noite e está frio, mas ele não se importa. Pensa que foi tudo tão mau, que a perdeu, e no entanto, sorri, hoje foi um dia bom."


Tiago Rebelo in "Quando menos se espera"

sexta-feira, 25 de março de 2011

Fornicação,

A questão não é a quantidade estúpida de aniversários em março. São as noites de junho quentes que são propicias ao acasalamento!

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Ele acorda já de tarde, abre os olhos lentamente, olha em redor, está sozinho. Vê-se ao espelho na casa de banho, passa a mão pelo queixo áspero da barba por fazer, deixa-a ficar assim. Toma um duche demorado, veste-se, calças de ganga, t-shirt, sapatos de ténis, um casaco grosso por cima. Sai de casa, entra no carro, arranca em direcção ao mar.

Senta-se numa esplanada no Guincho, com uma garrafa de cerveja na mão, a ver a praia vazia, assaltada pelas ondas. Apesar do Inverno, está um dia bom. O sol aquece. Na água, por entre a espuma da rebentação selvagem, saltam as velas das pranchas que ganham velocidade com o vento forte, para lá e para cá, sem dificuldade aparente. Ele coloca os pés em cima de uma cadeira em frente e deixa-se ficar a observar as manobras das pranchas. Pode ficar uma, duas horas assim, a admirar a praia, as pranchas, as velas, até o pôr-do-sol chegar.

O telemóvel anuncia uma mensagem. Levanta os óculos de sol para ler melhor o texto. Larga o aparelho em cima da mesa sem responder à mensagem. É de uma mulher com quem não lhe apetece falar. Mais uma, tem várias semelhantes que lhe foram sendo enviadas durante o dia por outras mulheres. Não lhe apetece nenhuma delas. A única que quer já não lhe envia mensagens, nem telefona. Nem sabe bem porquê, só sabe que desistiu dele sem qualquer explicação. E a culpa não é de ninguém, não há culpa, há só aquele vazio da saudade de alguém que já não está.

"É um homem na sua ilha. É bom no que faz, um trabalho solitário que lhe dá muito dinheiro e fama e não lhe ocupa muito tempo. As pessoas dizem-lhe que têm inveja, que é o ideal, muito por pouco. Ele sorri-lhes. Não é casado e não tem filhos. Sobra-lhe tempo, espaço, vida.

Não há mais ninguém na esplanada. Sente fome, repara que se esqueceu de almoçar. Agora pensa em jantar. Solta um suspiro de resignação, agarra no telemóvel, passa em revista as mensagens por responder. Qual há-de ser? Não quer jantar nem acabar a noite sozinho. Enquanto vê os nomes, pensa que todas lhe deram bastante prazer, mas foi só isso. Só uma lhe deu amor, a que não lhe responde, ou ele deu-lhe o seu amor.

Acaba a cerveja, pede outra. Bebe sem pressa, enquanto se decide. Envia uma mensagem, combina o jantar. Entretanto a tarde vai caindo, o sol enfraquece, levanta-se um vento frio. Dali a pouco vai-se embora a pensar nela, onde estará, o que estará a fazer, e a pensar na ironia dos amores, tantas vezes desencontrados."

Tiago Rebelo in "Amores desencontrados"

E com todo o amor e carinho,

Um belo dum pirete geral. E no particular para ti.

Difícil,

Gostava de poder inventar um silenciador. Tipo um mute. Para humanos, claro.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Está a valer,

So messed up
I want you here
In my room
I want you here
Now we're gonna be Face-to-face
And I'll lay right down
In my favorite place
And now I wanna
Be your dog
Now I wanna
Be your dog
Now I wanna
Be your dog
Well c'mon
Now I'm ready
To close my eyes
And now I'm ready
To close my mind
And now I'm ready
To feel your hand
And lose my heart
On the burning sands
And now I wanna
Be your dog
And now I wanna
Be your dog
Now I wanna
Be your dog
Iggy Pop & The Stooges

Se tenho cor.... são estas!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Não apetece,

Shiny happy people laughing
Meet me in the crowd
People people
Throw your love around
Love me love me
Take it into town
Happy happy
Put it in the ground
Where the flowers grow
Gold and silver shine
Shiny happy people holding hands
Shiny happy people laughing
Everyone around love them, love them
Put it in your hands
Take it take it
There's no time to cry
Happy happy
Put it in your heart
Where tomorow shines
Gold and silver shine
Shiny happy people holding hands
Shiny happy people laughing
R.E.M.

A um passo,

Todos nós sentimo-nos mais próximos uns dos outros. Ora nos sentimos atraidos pelo cheiro ou pela aparência dessa pessoa, ou somos atraidos e nem sabemos o porquê. O inverso também é válido, podemos sentir uma inatração por alguém, exactamente pelos os mesmos motivos.

Lembro-me de ter um namoradinho há uns anos, que não suportava nem o seu cheiro do after shave e muito menos a sua voz. Para felicidade de ambos, rápido percebi que seria escassa esta experiência traumatizante. Causou-me danos para o resto da minha vida. Fico bloqueada e sem conseguir comunicar e passa-me pela cabeça múltiplas maneiras de acabar com o meu sofrimento.

Hoje, tenho o indiano ao meu lado que não se cala há mais de 60 minutos....

Tenho medo de acabar o meu raciocínio

terça-feira, 15 de março de 2011

Isto não me anda a fazer bem,

Dou por mim a olhar para as nuvens e a desejar saltar duma para outra, como nenúfares.

Facto,

Adoro não saber a que dia vou. Só revela a minha apatia.

Otarices,

Não consigo entender porquê que o bilhete a bordo é mais caro que adquirido em quiosques para o efeito. É o mesmo que ir ao supermercado e adquirir uma alface no sítio dos verdes a um preço e se adquirir a alface na caixa pagar o dobro. Que estupidez.

Tique, tique...

Domingo passado vinha no comboio, com alguns pensamentos (poucos diria), e vinha uma senhora ao meu lado, que estava entretida com o seu porta-chaves. Enquanto tive a minha música estava abstraida de tudo e de todos que estavam na mesma carruagem que eu, assim que o meu fornecedor de som me falhou, concentrei-me no porta-chaves. Porta-chaves esse, constituido apenas por uma argola e três pequeninhas chaves. Suponho eu que seria a da rua, a da casa e do correio. Ora, as questões nervosas sempre me suscitaram algum interesse e a maneira como as pessoas transmitem as suas ânsias e inquietudes sempre me causaram fascinio. Estou a falar dum tique nervoso que consistia em meter a argola no dedo polegar direito, tirar a argola, e rodar cada uma chave pela argola. O som que provoca é dum suave tilintar uniforme, matemático e rigoroso. A senhora, sem quebra no seu ritual, fez este movimento tempo suficiente de causar em mim um sentimento de quase indignação e frustração. Tenho na memória, a argola no polegar e o jeito espelhado da cerimónia religiosa do rodar as três chaves, cada uma de cada vez. Fiquei depressiva.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Triste sina.

Começo a ficar preocupada com o facto de não ter nada para fazer...Se dantes me agradava esta situação, agora dava o mindinho esquerdo para poder estar entretida no meu local de trabalho com as minhas tarefas.
Agora, as minhas tarefas resumem-se a contar os minutos para te ver.

Disvórcio,

Vou disvorciar-me de mim. Encontrei um novo amor.

quinta-feira, 10 de março de 2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

segunda-feira, 7 de março de 2011

A frase mais batida,

"És a pior!"
Gosto.

Fertilidade imaginária,

Adoro estar sentada e ver no meu campo visão berguilhas e imaginar o que se passa lá dentro.

Panando,

Não nada melhor que almoçar panados servidos por um belo sorriso.
E um sumo de laranja natural, muito pouco natural.

Adoro,

Odeio estar no trabalho sem trabalho. Qual o próposito?

SÊ:

Acabo de receber uma gerbera branca com a seguinte descrição:

"A woman is the full circle. Within her is the power to create, nurture and transform"
Diane Mariechild
Yep.

Divino.



"...e beijei-o como se fosse o único...e ele beijou-me como se eu fosse um homem..."

In "Pedaços de um caderno manchado de vinho."

Ressaca,

Abri os olhos e vi o mar. Dava tudo para ter partilhado aquele momento com alguém.

sexta-feira, 4 de março de 2011

For real,

Bem sei que não sou exemplo para ninguém, mas estes homens menstruados andam-me a tirar do sério...

Enconar,

Nas últimas 24 horas fui enganada em 1,50EUR, em dois locais de consumo
Um cobrou-me mais um 1eur que é suposto, e outro pôs-me um cesto de pão na conta que nem lhe toquei.Se fosse mais distraida do que o que sou, bem fodida estava.
O melhor mesmo, foi ter reparado e ter ficado tão cona que deixei passar em branco.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A panicar como se não houvesse amanhã,

"......porquê?? Porqueê?? Porquêe que a vida é uma merdaa…e nada simples e quando estamos bem, estamos mesmo bem..e quando estamos na merda…bem, quanto a isto, já chegámos à conclusão que " quando pensas que estás na merda, nunca te esqueças que podes sempre ficar mais na merda…" merda atrai merda….
E eu pelos vistos só me dou em lodo…… e digo te já que este jardim de lodo só tem flores bonitas, mas só se dão em merda……"

In "Excertos dum diário perdido"